sexta-feira, agosto 08, 2008

MEMÓRIA E IDEOLOGIA



Todos sabemos que a ideologia, como sitema fechado de ideias, não consente qualquer desenvolvimento da verdade, que a existir, sempre fica prisioneira das malhas que à sua volta ergue a tirania do sitema.
Não precisamos de recuar muito no tempo para verificar como os interesses ideológicos condicioonam os gestos culturais mais significativos, fazendo até com que muitos deles digam precisamente o contrário do que com eles quis significar quem os realizou.
É por isso que não basta falarem-nos de transparência democática, ou mesmo de puirficação da memória, para nos convencerem a abrir as portas da nossa intimidade, ou da intimidade das instituições, sobretudo quando elas estão precisamente na mira das ideologias.
Também este estar de pé atrás pode ser uma cedência a alguma espécie de ideologia.
Não se nega isso, já que num mundo de escravos a afirmação de que se é livre pode estar completamente esvaziada de conteúdo.
Estamos perante um tema importante, porque o é em si mesmo, mas também pelas efemérides que se aproximam a passos largos, na preparação das quais não se viu ainda qualquer sintoma de fuga a certos olhares vesgos da historiografia nacional.
Este post, porém, não se destina a discutir tal temática:
Gostaria de aproveitar o meu regresso ao “peço a palavra” para manifestar o meu espanto perante as dezenas, senão centenas, de reconstituições da nossa história que se fazem por essas cidades e vilas fora.
Não me tem sobrado o tempo para ver e analisar o rigor científico de tais reconstituições: admito que o tenham, pois em todas elas estão mais ou menos empenhados professores das matérias, às vezes até aldeias.
Mas não dexa de me chamar a atenção o facto de uma grande parte delas se fixarem na Idade Média... quase como se Portugal tivesse adormecido definitivamente no século XIV.
E já não falo das actividades que se situam indevidamente nesse período da nossa históra:
Imaginem que há dias, numa das nossas vilas, se fez a reconstituição de uma feira da Idade Média, com um “parque infantil medieval”.
Isso exigiria pelo menos uma clarificação de conceitos, que não vi nem ouvi em qualquer lado.