terça-feira, abril 08, 2008

O VENENO DA LINGUAGEMO

O Veneno da Linguagem

Não acompanhei de perto os acontecimentos que levaram a julgamento aqueles trinta e seis cidadãos portugueses, não me dei ao desporto de ouvir a litura do libelo de pronúncia – peço desculpa aos especialistas se não é assim que se diz – nem quero tomar partido sobre qual a ideologia que comanda as suas intervenções na sociedade..
Peço a palavra neste momento apenas para fazer duas perguntas aos jornalistas:
A primeira é: num regime democrático, verdadeiramente democrático, pode alguém ser judicialmente processado pelas ideias que defende?
A segunda é: classificar alguém de esquerda ou de direita, diz respeito a modos de pensar, ou refere-se a matéria delictuosa, que deve ser sancionada pela lei?
Não estou de modo nenhum a insinuar que cidadãos que praticam acções como as de Manuel Machado e seus companheiros devam ficar impunes em nome da democracia. O que eu defendo, em nome da democracia, é, primeiro, que sejam pronunciados por crimes objectivos; segundo, que não se diga sistematicamente, como tem feito a comunicação social ao longo de todos estes dias, que começou o julgamento de trinta e seis homens da extrema-direita.
Imagino como reagiriam, por exemplo, os dirigentes do Partido Socialista, se um dos seus militantes tivesse de responder por crimes comuns, e os jornais, em vez de se referirerm a esses crimes, se limitassem a dizer que era um miltante do PS.
O assunto é mais importante do que parece: basta pensar na gravíssima injustiça que se comete em relação aos muçulmanos, quando, para designar o radicalismo de uma enorme variedade de seitas, se usa a expressão, infelizmente quase comum em todo o Ocidente, de terrorismo islâmico.
A democracia, o pluralismo e a tolerância, também se ensinam com o cuidado da linguagem..