quarta-feira, dezembro 24, 2008

CRÍTICA E CRIATIVIDADE



Tudo é criticável, dizia aquele comentador político, referindo-se à habitual passividade dos deputados, que, a maior parte das vezes, por preguiça ou falta de cultura, se limitam a fazer número nas votações que apoiam os respectivos partidos.
Capacidade de criticar e de ouvir críticas.
É disso que vive a democracia.
Falta apenas que não nos esqueçamos de que, do mesmo modo que democracia não é anarquia, também não há crítica que subsista sem pontos de referência indiscutíveis. Talvez aquilo que se designa genericamente por VALORES.

Não queremos voltar aos conceitos de uma certa apologética, que fez a sua história, nem sempre muuito brilhante, e que utilizava o paradigma da sociedade perfeita para desenvolver a análise das estruturas visíveis da Igreja.
Mas não podemos deixar de estabelecer determiandos paralelos, como o da necessidade de nos entendermos sobre o que é indiscutível, para não perdermos a liberdade de discutir o que é, de facto, discutível.
É por isso que o amor à clarificação da doutrina cresce na exacta medida em que se preza a liberdade de ter opiniões sobre o opinável.
Esta liberdade, sempre ameaçada por dogmatismos ilegítimos, torna-se muito difícil, para não dizer impossível, em momentos de grave confusão doutrinal.
Por outro lado, no apostolado e na pastoral, quando não se aprendeu a discutir, como e quando se devem discutir, as discutíveis iniciativas dos outros, ou se mergulha na anarquia que divide, ou se cai na subserviência que paralisa, já que não deixa terreno para a criatividade, a iniciativa privada, que é ainda mais legítima, digamos obrigatória, no seio da comunidade crente, do que na sociedade civil.
Isso.
E convém não sequecer que a tentação dos monopólios é também mais subtil e insinuante naquela do que nesta.