PURIFICAÇÃO OU BRANQUEAMENTO?
Purificação ou branqueamento da memória?
Nos anos que precederam e seguiram imediatamente o Grande Jubileu do Ano 2000, falou-se muito, a torto e a direito de “purificação da memória”, à raiz de um texto do Papa João Paulo II, que, entre outras recomendações ad intra, para os católicos, dizia:
“A Porta Santa do Jubileu do 2000 deverá ser, simbolicamente, mais ampla do que nos jubileus precedentes, porque a humanidade, chegada àquela meta, deixará atrás de si não apenas um século, mas um milénio. Será bom que a Igreja entre por essa passagem com a consciência clara daquilo que viveu ao longo dos últimos dez séculos. Ela não pode transpor o limiar do novo milénio sem impelir os seus filhos a purificarem-se, pelo arrependimento, de erros, infidelidades, incoerências, retardamentos. Reconhecer as cedências de ontem é acto de lealdade e coragem que ajuda a reforçar a nossa fé, tornando-nos atentos e prontos para enfrentar as tentações e as dificuldades de hoje” (Tertio Millenio Adveniente, 33).
E foram muitos os gestos realizados pelo Papa, em ordem a realizar essa purificação da memória, que ele apresentava como um dos objectivos do Grande Jubileu.
Mas, tanto as características desses gestos, como as palavras acima citadas afirmam claramente que o que se pretende é que a Igreja entre no terceiro milénio “com a consciência clara daquilo que viveu ao longo dos últimos dez séculos” , pois “ela não pode transpor o limiar do novo milénio sem impelir os seus filhos a purificarem-se, pelo arrependimento, de erros, infidelidades, incoerências, retardamentos”.
Quer dizer: purificar a memória, não é apagar da memória, nem muito menos manipular os factos, ocultando o seu real significado, quando é negativo.
Isso seria, não purificar, mas branquear, que é o que a cada passo procuram fazer as ideologias, tentando sobreviver assim ao juízo severo da História.
A primeira década portuguesa deste terceiro milénio vai concluir-se com a recordação de uma data cuja importância corre o risco de ficar mais uma vez perdida na retórica dos discursos ideológicos – naturalmente uns a favor, outros contra – se não aceitamos o princípio de que as comemorações do passado só são úteis se nelas se realiza uma autêntica purificação da memória.
Isso exige grande lucidez, para se não confundir purificação com branqueamento.
Nos anos que precederam e seguiram imediatamente o Grande Jubileu do Ano 2000, falou-se muito, a torto e a direito de “purificação da memória”, à raiz de um texto do Papa João Paulo II, que, entre outras recomendações ad intra, para os católicos, dizia:
“A Porta Santa do Jubileu do 2000 deverá ser, simbolicamente, mais ampla do que nos jubileus precedentes, porque a humanidade, chegada àquela meta, deixará atrás de si não apenas um século, mas um milénio. Será bom que a Igreja entre por essa passagem com a consciência clara daquilo que viveu ao longo dos últimos dez séculos. Ela não pode transpor o limiar do novo milénio sem impelir os seus filhos a purificarem-se, pelo arrependimento, de erros, infidelidades, incoerências, retardamentos. Reconhecer as cedências de ontem é acto de lealdade e coragem que ajuda a reforçar a nossa fé, tornando-nos atentos e prontos para enfrentar as tentações e as dificuldades de hoje” (Tertio Millenio Adveniente, 33).
E foram muitos os gestos realizados pelo Papa, em ordem a realizar essa purificação da memória, que ele apresentava como um dos objectivos do Grande Jubileu.
Mas, tanto as características desses gestos, como as palavras acima citadas afirmam claramente que o que se pretende é que a Igreja entre no terceiro milénio “com a consciência clara daquilo que viveu ao longo dos últimos dez séculos” , pois “ela não pode transpor o limiar do novo milénio sem impelir os seus filhos a purificarem-se, pelo arrependimento, de erros, infidelidades, incoerências, retardamentos”.
Quer dizer: purificar a memória, não é apagar da memória, nem muito menos manipular os factos, ocultando o seu real significado, quando é negativo.
Isso seria, não purificar, mas branquear, que é o que a cada passo procuram fazer as ideologias, tentando sobreviver assim ao juízo severo da História.
A primeira década portuguesa deste terceiro milénio vai concluir-se com a recordação de uma data cuja importância corre o risco de ficar mais uma vez perdida na retórica dos discursos ideológicos – naturalmente uns a favor, outros contra – se não aceitamos o princípio de que as comemorações do passado só são úteis se nelas se realiza uma autêntica purificação da memória.
Isso exige grande lucidez, para se não confundir purificação com branqueamento.
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