segunda-feira, março 26, 2007

E O DIVÓRCIO? I

I

Vamos tentar uma vista de olhos, tanto quanto possível abrangente, do número 29 da Sacramentum caritatis. Número que foi um dos que a comunicação social manipulou, a fim de semear a confusão nos fiéis e denegrir a imagem do Papa.
Bento XVI começa por fazer uma das afirmações mais belas deste documento: que a Eucaristia exprime a irreversibilidade do amor de Deus em Cristo pela sua Igreja.
Não é o momento de tirar desta afirmação todas as consequências, de inapreciável valor, que dela têm de tirar os crentes.
A irreversibilidade do amor de Deus em Cristo pela sua Igreja!
É perante verdades como esta que não podemos explicar a facilidade com que hoje a maioria dos cristãos - sim, bem feitas as contas, podemos dizer que é a maioria - abandona a Eucaristia, celebração e sacramento. Porque, de facto, ela é a afirmação mais forte, indiscutível, de que Deus nos ama com um amor no qual não há lugar para o arrependimento; um amor de tal modo irreversível, que nem sequer a morte lhe põe limites.

Ora, é a propósito deste significado da Eucaristia que o Papa, retomando a doutrina do Catecismo da Igreja Católica (nº 1640), e recordando as recomendações dos Padres Sinodais, fala da relação entre Eucaristia e indissolubilidade do Matrimónio:
Se a Eucaristia exprime a irreversibilidade do amor de Deus em Cristo pela sua Igreja, compreende-se por que motivo a mesma implique, relativamente ao sacramento do Matrimónio, aquela indissolubilidade a que todo o amor verdadeiro não pode deixar de anelar.
Primeiro: haverá aí algum par de noivos, ligados por um amor verdadeiro e profundo, que não desejem sinceramente, com ânsias de que isso se realize, que o seu amor seja como o de Deus por nós? Total e para sempre... sem arrependimento.
Talvez haja: Sempre os homens foram capazes de corromper as coisas mais belas que lhes vêm ter às mãos.
Mas é preciso que saibam que, em tal caso, o seu casamento corre sérios riscos de ser nulo. A cerimónia que vão realizar na igreja, por muitas flores e música que tenha, pode não passar de uma farsa, e, o que é pior, de um sacrilégio.
Segundo: terá algum sentido abeirar-se da comunhão – o ponto mais alto dessa afirmação de irreversibilidade do amor de Deus – quando se negou publicamente o carácter irrversível do vínculo conjugal, recorrendo ao casamento civil, após o divórcio?
Esta é a doutrina recordada pelo Papa, que, no entanto, não se fica por aqui, falando só de exigências e proibições:
A parte mais extensa deste número da Exortação Apostólica dedica-se a indicar caminhos de acolhimento e ajuda pastoral, não só para que os cristãos nesta situação não se sintam abndonados pela Igreja, mas também para prevenir tais situações e até remediar o que for remediável.
É o que veremos no próximo post.




1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Essa devia ser uma preocupação fundamental do CPM...esclarecer da validade do Matrimónio...

3:58 da tarde  

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