OPORTUNIDADE PERDIDA?
O sagrado Concílio Ecuménico Vaticano II, tendo na devida conta o desejo expresso por muitos para dar à festa da Páscoa um domingo certo e adoptar um calendário fixo, depois de ter ponderado maduramente as consequências que poderão resultar da introdução do novo calendário, declara o seguinte:
1. O sagrado Concílio não tem nada a opor à fixação da festa da Páscoa num domingo certo do calendário gregoriano, se obtiver o assentimento daqueles a quem interessa, especialmente dos irmãos separados da comunhão com a Sé Apostólica.
2. Igualmente declara não se opor às iniciativas para introduzir um calendário perpétuo na sociedade civil.
Contudo, entre os vários sistemas em estudo para fixar um calendário perpétuo e introduzi-lo na sociedade civil, a Igreja só não se opõe àqueles que conservem a semana de sete dias e com o respectivo domingo. A Igreja deseja também manter intacta a sucessão hebdomadária, sem inserção de dias fora da semana, a não ser que surjam razões gravíssimas sobre as quais deverá pronunciar-se a Sé Apostólica.
Roma, 4 de Dezembro de 1963
Está a fazer quarenta e quatro anos esta declaração, apensa a um dos documentos conciliares mais marcantes da história da Igreja na segunda metade do século XX.
Sabemos que, na primeira coincidência de datas, logo a seguir ao Concílio, se propôs às igrejas ortodoxas que se aproveitasse esse ano para fixar a data da Páscoa: assim nenhuma dos ritos teria de renuncia ao seu critério em favor do dos outros.
Infelizmente, tal desiderato não se realizou.
Este ano, os meios de comunicação social, dados os interesses da propaganda sionista, fizeram um ruído especial com o facto de todos, Judeus, Cristãos Católicos e Cristãos Ortodoxos, celebrarem ao mesmo tempo e pacificamente a festa da Páscoa (Pessach, dos Judeus).
Pelo meio foram aparecendo algumas referências, quase sempre extremamente superficais, à diferença entre o ocidente e o oriente.
Foi pena que não se tivesse aproveitado a oportunidade para propor mais uam vez às igrejas interessadas, incluindo os hebreus, a fixação da data da Páscoa, que cada um celebraria segundo o seu rito e a sua fé, mas todos no mesmo dia.
Apesar do serviço que tal medida constituiria, não só para os crentes, mas para toda a comunidade humana, não consta que alguma voz se tenha erguido neste sentido.
E é pena. Porque foi mais uma oportunidade perdida.
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