terça-feira, agosto 28, 2007

CRÓNICA DE HORRORES





Recordo-me bem como, quando era jovem, se falava de um dos crimes mais graves da Alemanha nazi: o eugenismo, ou dito de forma mais simples, a luta pela pureza da raça. E ninguém discutia a gravidade desse crime, sistematicamente praticado, nos campos de concentração e fora deles, aparentemente contra os judeus, na prática, porém, em todas as circunstâncias que pudessem sugerir um perigo para a pureza da raça.
Porque a ideologia não é específica do nazismo, como se viu, logo que foi possível separar o racismo da questão judaica, que, afinal, tem servido para dar cobertura a uma infinidade de intolerâncias elegantemente mascaradas.
Depois vieram as sistemáticas lavagens ao cérebro levadas a efeito pelas campanhas abortivas, seguidas de legislações descaradamente eugénicas, ainda que sob a cobertura dos eufemismos em que é particularmente habilidosa a hipocrisia da nossa cultura de morte.
O horror que se conta a seguir é apenas mais um dos que produz esta cultura de morte.
Passou-se há pouco, no hospital de São Paulo, em Milão, uma das cidades mais ricas, se não a mais rica da Itália:
Eram duas meninas gêmeas, três meses de gestação, gravidez perfeitamente normal. Acontecia apenas que uma das meninas sofria do síndrome de Down. Sem pestanejar, certamente com o consentimento da mãe, os médicos decidem eliminar esta menina, que não era menos mulher do que a irmã.
Mas, quando o homem decide pôr-se no lugar de Deus, podem acontecer horrores impensáveis.
Foi assim que, tendo as meninas entretanto mudado de posição no ventre materno, os médocos mataram a que era considerada sã! Por “uma terrível fatalidade” exlicou o hospital.
Uma terrível fatalidade, a morte da criança considerada sã.
E como se corrigiu esta fatalidade?
Claro, não havia correcção possível, pensaram os médicos; por isso decidiram eliminar também a outra.
E assim se eliminam duas vidas humanas: Por eugenismo?
Sim. Mas isso não teria acontecido se não vivêssemos mergulhados numa cultura de morte.