sábado, agosto 25, 2007

A MENTIRA DAS OMISSÕES








Voltemos à figura de Barros-Gomes: fala-se da sua morte.
Quando Bernardino Barros Gomes enviuvou, em 1879, fez-se membro da Congregação de S. Vicente de Paulo (Lazaristas). Ordenou-se presbítero em 1888, no Convento de Arroios, em Lisboa. Foi aí, no dia 4 de Outubro de 1910, que uma bala transviada o atingiu mortalmente. "Um santo e um sábio"- foram as palavras da imprensa da capital ao referir-se à sua morte (cf. Rosa Azambuja: CIDADE DA MARINHA GRANDE SUBSÍDIOS PARA A SUA HISTÓRIA )

Dito assim, até parece que Barros-Gomes morreu por acidente.

Vejamos como descreve essa morte quem a investigou de modo sério e científico: “Ao irromperem pela biblioteca dentro depois da morte do Padre Fragues, os assaltantes distinguem na sala deserta, que a sombra da tarde envolve em penumbra, a cbeça alvinitente do venerando septuagenário. “Mais um” – gritam furiosos. Estala um tiro. O Padre Barros-Gomes cai de bruços sem um queixume. Mas não morre logo. Contorce-se em agonia (Bráulio Guimarães: Padre Barros-Gomes, Vítima da República. Aletheia Editores. Lisboa, 2006. Pg 369).
O que se passa na casa de Arroios entre a tarde e a madrugada daqueles dias, 4/5 de Outubro) é de tal modo horroroso, que não faz sentido recordá-lo aqui.
O que se transcreve é suficiente para vermos que a morte dos lazaristas presentes no edifício, foi efeito de muito mais do que “uma vala transviada”.
É evidenteque não será com relatos como o de Rosa Azambuja, que conseguiremos purificar a memória deste século.