quinta-feira, agosto 02, 2007

IDENTIDADE E DIÁLOGO



Torna-se cada vez mais claro que a perseguição aos cristãos nos países de maioria muçulmana, de um modo ou de outro, sempre viva, sobretudo nas zonas da parte oriental do Império Romano, donde quase fizeram desaparecer as comuniaddes cristãs, torna-se cada vez mais claro que esta perseguição se agravou de forma drástica após a última guerra, devido principalmente à protecção que no mundo ocidental conseguiram os sionistas.
De vez em quando ouve-se falar das leis da reciprocidade – exigir aos muçulmanos que dêem aos cristãos a liberdade que reclamam para si - como se estivéssemos apenas perante uma questão de consensos a negociar.
Afinal, o que tem faltado aos cristãos, não são as ideias nem os princípios, nem sequer, em certas circunstâncias, alguma coragem.
Aos visitantes deste blogue ofereço o extracto seguinte de uma entrevista concedida pelo jornalista Zazucchi à agência Zenit, após uma viagem que realizou através de vários países muçulmanos.

Zazucchi:
Diz-se sempre que não se pode dialogar se não se tem uma identidade forte. É verdade. Recentemente, o bispo auxiliar caldeu de Bagdá, dom Shlemon Warduni, dizia-me que a primeira ajuda que os cristãos do Iraque pedem aos cristãos ocidentais é a de «ser verdadeiros cristãos, não escravos do relativismo». Este pedido, segundo o bispo, chega até mesmo antes que as manifestações de protesto contra a falta de liberdade nos paises de maioria muçulmana.
Na verdade parece-me que para o cristão identidade e diálogo vão sempre de mãos dadas: quanto mais clara é a identidade dos cristãos (e, sobretudo, vivida), o diálogo pode avançar mais; e o diálogo é mais autêntico (e não se reduz a sincretismo, relativismo ou irenismo) e a identidade dos cristãos reforça-se mais. Isto é testemunhado pelos «cristãos nas terras do Alcorão». Os próximos anos serão duros, sem dúvida, porque as tensões políticas, sociais e económicas estão exasperadas. Mas esta presença, ainda exígua, dos cristãos é e será sempre fonte de esperança. Esperança cristã.


Zenit-16 de Julho de 2007