CAÇA ÀS BRUXAS
Os inimigos do Papa e da Igreja não desarmam, como sempre. Com outros métodos, mas como sempre.
Retiro do discurso de Bento XVI aos participantes no “Forum” das Organizações Não Governamentais de inspiração católica, o seguinte passo, que traduzo livremente, procurando, no entanto, ser o mais possível fiel ao pensamento do Papa:
“... com frequência o debate internacional surge marcado por uma lógica relativista que parece reter como única garantia de uma convivência pacífica entre os povos a negação da cidadania à verdade sobre o homem e a sua dignidade, assim como à possibilidade de um agir ético fundado no reconhecimento da lei moral natural. Chega assim, de facto, a impor-se uma concepção do direito e da política, onde o consenso entre os Estados, obtido por vezes em função de interesses limitados, ou manipulado por pressões ideológicas, se transfomaria na única e última fonte do direito internacional. Os frutos amargos de tal lógica relativista são infelizmente evidentes: pense-se, por exemplo, na tentativa de considerar direitos do homem as exigências de certos estilos de vida egoista, ou então o desinteresse pelas necessidades económicas e sociais dos povos mais débeis, ou o desprezo do direito humanitário e uma defesa selectiva dos direitos humanos. Auguro que o estudo e o confronto destes dias permitam identificar modos eficazes e concretos para fazer aceitar a nível internacional os ensinamentos da doutrina social da Igreja. Em tal sentido, encorajo-vos a opôr ao relativismo a grande criatividade da verdade acerca da dignidade inata do homem e dos direitos que daí derivam. Essa criatividade permitirá dar uma resposta mais adequada aos múltiplos desafios do actual debate internacional; sobretudo permitirá a promoção de iniciativas concretas, que serão vividas em espírito de comunhão e liberdade.”
Retiro do discurso de Bento XVI aos participantes no “Forum” das Organizações Não Governamentais de inspiração católica, o seguinte passo, que traduzo livremente, procurando, no entanto, ser o mais possível fiel ao pensamento do Papa:
“... com frequência o debate internacional surge marcado por uma lógica relativista que parece reter como única garantia de uma convivência pacífica entre os povos a negação da cidadania à verdade sobre o homem e a sua dignidade, assim como à possibilidade de um agir ético fundado no reconhecimento da lei moral natural. Chega assim, de facto, a impor-se uma concepção do direito e da política, onde o consenso entre os Estados, obtido por vezes em função de interesses limitados, ou manipulado por pressões ideológicas, se transfomaria na única e última fonte do direito internacional. Os frutos amargos de tal lógica relativista são infelizmente evidentes: pense-se, por exemplo, na tentativa de considerar direitos do homem as exigências de certos estilos de vida egoista, ou então o desinteresse pelas necessidades económicas e sociais dos povos mais débeis, ou o desprezo do direito humanitário e uma defesa selectiva dos direitos humanos. Auguro que o estudo e o confronto destes dias permitam identificar modos eficazes e concretos para fazer aceitar a nível internacional os ensinamentos da doutrina social da Igreja. Em tal sentido, encorajo-vos a opôr ao relativismo a grande criatividade da verdade acerca da dignidade inata do homem e dos direitos que daí derivam. Essa criatividade permitirá dar uma resposta mais adequada aos múltiplos desafios do actual debate internacional; sobretudo permitirá a promoção de iniciativas concretas, que serão vividas em espírito de comunhão e liberdade.”
Olhares vesgos de ecrtos jornalistas viram nestas palavras de Bento XVI um ataque à ONU e instituições que a integram. E desse imaginário ataque se fizeram de tal modo eco, que o próprio Secretário Geral da referida Organização achou necessário vir a terreiro defendê-la; o que, por sua vez, provocou um esclarecimento por parte do porta-voz da Santa Sé.
Se quisermos ler sem paixão o discurso do Papa, tendo presente a quem se dirige primariamente, damo-nos bem conta de que ele não só não ataca nenhuma organização, como, ao contrário, repetindo os ensinamentos da sua primeira encíclica, recorda aos católicos o dever de trabalharem com toda a gente de boa vontade, sem, no entanto, renunciarem ao que lhes é específico, nomeadamente, o serviço ao homem na sua integridade. Por isso denuncia, como não podia deixar de fazer, as graves distorsões de que tal integridade é vítima, por razões ideológicas.
Mas quem, ou o que é que permite aos jornalistas dizerem que isto constitui um ataque à ONU? A não ser que eles próprios estejam convencidos de que tais distorsões são da sua responsabilidade.
Por este andar, acabaremos todos num regime de suspeição em que nunca mais será possível exprimir senão as verdades parciais que servem a quem mercadeja ideias, coisas e pessoas, na praça da volúvel opinião pública.
Se quisermos ler sem paixão o discurso do Papa, tendo presente a quem se dirige primariamente, damo-nos bem conta de que ele não só não ataca nenhuma organização, como, ao contrário, repetindo os ensinamentos da sua primeira encíclica, recorda aos católicos o dever de trabalharem com toda a gente de boa vontade, sem, no entanto, renunciarem ao que lhes é específico, nomeadamente, o serviço ao homem na sua integridade. Por isso denuncia, como não podia deixar de fazer, as graves distorsões de que tal integridade é vítima, por razões ideológicas.
Mas quem, ou o que é que permite aos jornalistas dizerem que isto constitui um ataque à ONU? A não ser que eles próprios estejam convencidos de que tais distorsões são da sua responsabilidade.
Por este andar, acabaremos todos num regime de suspeição em que nunca mais será possível exprimir senão as verdades parciais que servem a quem mercadeja ideias, coisas e pessoas, na praça da volúvel opinião pública.
O que nos vale é que a Igreja não se calará nunca.
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