peço a palavra

quarta-feira, novembro 26, 2008





Rebates de vidente

Depois disto, vi outro anjo que descia do céu com grande autoridade. A terra foi iluminada pelo seu esplendor; e gritou com voz forte:
«Caiu, caiu Babilónia, a grande.
Tornou-se antro de demónios,
guarida de todos os espíritos imundos,
guarida de todas as aves imundas
guarida de todos os animais imundos e repelentes;
porque, do vinho da sua luxúria,
se embriagaram todas as nações;
prostituíram-se com ela os reis da terra,
e, com o seu luxo despudorado,
enriqueceram os comerciantes do mundo.»
(Apocalipse: 18, 1-3)

Não sei nem quero fazer exegese bíblica; e também não posso ceder à tentação das transposições que, por serem demasiado fáceis, correm o risco de não passarem de puras fantasias literárias, mais ou menos conseguidas.
Mas este e outros textos do Vidente de Patmos têm-me andado na mente e soam, por vezes, como rebates de cosnciência, sobretudo quando ouço falar da crise em que o capitalismo selvagem acaba de mergulhar este pobre mundo.
Uma crise que, para mal de todos nós, continua a ser objecto de análises tão redutoras, que será muito difícil, se não impossível, esperar soluções sérias a partir delas.
Foi por isso que as palavras do Senhor Brown, afirmando que numa situação extraordinária precisávamos de medidas absolutamente extraordinárias, me soaram a falso, para não dizer pior.
Porque até agora, tudo quanto tem sido anunciado em ordem a debelar a crise, na minha opinião, não serve senão para salvar as raízes da mesma crise: os homens e as nações procuram apenas evitar as consequências dos erros alheios; não se vê quem queira emendar os seus.