UM CONTINENTE SEM VERGONHA
Dos tiros aos preservativos
A vergonha que senti, como europeu, ao verificar a profundidade e extensão do jogo sujo levado a cabo pelos meios de comunicação social deste continente, por ocasião da visita pastoral de Bento XVI à África, quase me impôs o silêncio.
Agora chega-me a notícia de que um governo desta velha Europa decidiu responder ao Papa com o envio de um contentor de preservativos.
Vendo bem as coisas, nem é muito de estranhar, já que os guardas fronteiriços têm ordem de disparar sobre os africanos que tentem escapar clandestinamente à pobreza de que, no fundo, o grande responsável é precisamente o continente europeu.
É, de facto, uma vergonha colossal: vivemos numa sociedade de bem-estar que busca tranquilizar a consciência com tiros e preservativos.
Assim, é perfeitamente natural que não só não entenda, mas que manipule de forma torpe o ensino da Igreja, que, no dizer do Concílio, é especialista em humanidade.
Porque ainda há poucos dias alguém se me mostrava chocado com as supostas declarações do Papa, deixo aqui, para os visitantes que não tenham tido acesso a ele, o texto completo da resposta de Bento XVI a um jornalista que falara do pouco realismo do ensino da Igreja.
Eu diria o contrário. Estou convencido de que a presença mais efectiva na frente de batalha contra o HIV/SIDA são, precisamente, a Igreja Católica e as suas instituições. Penso, por exemplo, na Comunidade de Santo Egídio, que tanto faz e tão visivelmente na luta contra a sida; ou nas Camilianas, só para mencionar algumas das freiras que estão ao serviço dos doentes. Penso que este problema, a sida, não pode ser resolvido com slogans de propaganda. Se falta a alma, se os Africanos não se entreajudarem, o flagelo não pode ser resolvido com a distribuição do preservativo; pelo contrário, arriscamo-nos a piorar a situação. A solução só pode advir dum compromisso duplo: primeiro na humanização da sexualidade ou, por outras palavras, num renovamento espiritual e humano que traga consigo uma nova forma de proceder de uns para com os outros. E em segundo lugar, num amor autêntico para com os que sofrem, numa prontidão – mesmo à custa de sacrifício pessoal – para estar junto dos que padecem.
São estes os factores que podem trazer o progresso, real e visível. Assim, eu diria que o nosso esforço deve ser o de renovar a pessoa humana por dentro, o de lhe dar força espiritual e humana para uma forma de comportamento justa para com o seu corpo e o do outro; e ainda de ajudá-la a ser capaz de sofrer com os que sofrem e de estar presente nas situações difíceis. Acredito que é esta a primeira resposta ao problema da sida, que é esta a resposta da Igreja e que, deste modo, a sua contribuição é uma grande contribuição. E estamos gratos a todos os que assim contribuem.
A vergonha que senti, como europeu, ao verificar a profundidade e extensão do jogo sujo levado a cabo pelos meios de comunicação social deste continente, por ocasião da visita pastoral de Bento XVI à África, quase me impôs o silêncio.
Agora chega-me a notícia de que um governo desta velha Europa decidiu responder ao Papa com o envio de um contentor de preservativos.
Vendo bem as coisas, nem é muito de estranhar, já que os guardas fronteiriços têm ordem de disparar sobre os africanos que tentem escapar clandestinamente à pobreza de que, no fundo, o grande responsável é precisamente o continente europeu.
É, de facto, uma vergonha colossal: vivemos numa sociedade de bem-estar que busca tranquilizar a consciência com tiros e preservativos.
Assim, é perfeitamente natural que não só não entenda, mas que manipule de forma torpe o ensino da Igreja, que, no dizer do Concílio, é especialista em humanidade.
Porque ainda há poucos dias alguém se me mostrava chocado com as supostas declarações do Papa, deixo aqui, para os visitantes que não tenham tido acesso a ele, o texto completo da resposta de Bento XVI a um jornalista que falara do pouco realismo do ensino da Igreja.
Eu diria o contrário. Estou convencido de que a presença mais efectiva na frente de batalha contra o HIV/SIDA são, precisamente, a Igreja Católica e as suas instituições. Penso, por exemplo, na Comunidade de Santo Egídio, que tanto faz e tão visivelmente na luta contra a sida; ou nas Camilianas, só para mencionar algumas das freiras que estão ao serviço dos doentes. Penso que este problema, a sida, não pode ser resolvido com slogans de propaganda. Se falta a alma, se os Africanos não se entreajudarem, o flagelo não pode ser resolvido com a distribuição do preservativo; pelo contrário, arriscamo-nos a piorar a situação. A solução só pode advir dum compromisso duplo: primeiro na humanização da sexualidade ou, por outras palavras, num renovamento espiritual e humano que traga consigo uma nova forma de proceder de uns para com os outros. E em segundo lugar, num amor autêntico para com os que sofrem, numa prontidão – mesmo à custa de sacrifício pessoal – para estar junto dos que padecem.
São estes os factores que podem trazer o progresso, real e visível. Assim, eu diria que o nosso esforço deve ser o de renovar a pessoa humana por dentro, o de lhe dar força espiritual e humana para uma forma de comportamento justa para com o seu corpo e o do outro; e ainda de ajudá-la a ser capaz de sofrer com os que sofrem e de estar presente nas situações difíceis. Acredito que é esta a primeira resposta ao problema da sida, que é esta a resposta da Igreja e que, deste modo, a sua contribuição é uma grande contribuição. E estamos gratos a todos os que assim contribuem.