peço a palavra

quarta-feira, abril 18, 2007

REFLEXÕES PASCAIS.1



Gurdas de prisões vazias

«Encontrámos a cadeia fechada com toda a segurança e os guardas de sentinela à porta, mas, depois de a abrirmos, não encontrámos ninguém no interior.» (Act 5, 23)

O gande equívoco dos poderosos, ou seja, os que detêm o poder; tanto o poder político, económico, cultural, ou religioso! Os que detêm o poder e o usam para servir os próprios interesses, dos quais nascem os medos que os armam contra a verdade.
Surgiu, então, o Sumo Sacerdote com todos os seus sequazes, isto é, o partido dos saduceus; encheram-se de inveja e deitaram as mãos aos Apóstolos, metendo-os na prisão pública (Act 5, 17-18).
O partido dos saduceus, a classe mais culta de Israel, de um modo geral, os mais ricos; praticando um pragmatismo proverbial, procuravam entender-se com a autoriadde romana, que, embora não confiasse neles, os utilizava em momentos de crise, para manter em paz a população, sempre em estado de revolta latente contra o dominador estrangeiro.
Não acreditavam na ressurreição dos morttos nem na existência dos anjos. E a vida futura, para eles, era tão problemática, que preferiam lutar pelo bem-estar presente a perder tudo com sonhos de vida eterna.
A pregação dos discípulos de Jesus, afirmando que Ele estava vivo e os encarregara de anunciar o arrependimento e o perdão dos pecados, contrariava todo o seu sistema de concordância com o materialismo vigente... ao mesmo tempo que mantinha viva a memória do absurdo que fora aquele processo iníquo em qaue se haviam envolvido até às orelhas.
Por isso encheram-se de inveja e deitaram as mãos aos Apóstolos, metendo-os na prisão pública.
Nada mais nada menos: a prisão pública, com os elementos de segurança que lhes permitissem estar descansados.
Mas a verdade não pode encarcerar-se: durante a noite, o Anjo do Senhor abriu as portas da prisão e, depois de os ter conduzido para fora, disse-lhes: «Ide para o templo e anunciai ao povo a Palavra da Vida.» Obedientes a essas ordens, entraram no templo de manhã cedo e começaram a ensinar (Act 5, 19-21).
É assim mesmo: ao medo segue-se o ridículo dos guardas da prisão vazia... enquanto a verdade retoma a sua marcha irreversível.
Os discípulos nem sequer perderam tempo a avisar as autoridades do mandato que os levava de novo ao templo, para anunciar a verdade que elas não queriam admitir.
Esses senhores, de armas empunhadas, para defender o nada... são bem o símbolo de todos os que hoje, com uma teimosia que soa a obsessão cega, todos os anos, quando se aproxima a Páscoa, procuram antecipar-se ao anuncio crente da ressurreição de Cristo, com narrativas espúrias que não convencem senão os ignorantes.
O pior é que, de facto, a ignorância do nosso mundo ocidental, em tudo o que diz respeito à religião, é cada vez mis confrangedora.

sábado, abril 07, 2007

OPORTUNIDADE PERDIDA?


O sagrado Concílio Ecuménico Vaticano II, tendo na devida conta o desejo expresso por muitos para dar à festa da Páscoa um domingo certo e adoptar um calendário fixo, depois de ter ponderado maduramente as consequências que poderão resultar da introdução do novo calendário, declara o seguinte:
1. O sagrado Concílio não tem nada a opor à fixação da festa da Páscoa num domingo certo do calendário gregoriano, se obtiver o assentimento daqueles a quem interessa, especialmente dos irmãos separados da comunhão com a Sé Apostólica.
2. Igualmente declara não se opor às iniciativas para introduzir um calendário perpétuo na sociedade civil.
Contudo, entre os vários sistemas em estudo para fixar um calendário perpétuo e introduzi-lo na sociedade civil, a Igreja só não se opõe àqueles que conservem a semana de sete dias e com o respectivo domingo. A Igreja deseja também manter intacta a sucessão hebdomadária, sem inserção de dias fora da semana, a não ser que surjam razões gravíssimas sobre as quais deverá pronunciar-se a Sé Apostólica.
Roma, 4 de Dezembro de 1963

Está a fazer quarenta e quatro anos esta declaração, apensa a um dos documentos conciliares mais marcantes da história da Igreja na segunda metade do século XX.
Sabemos que, na primeira coincidência de datas, logo a seguir ao Concílio, se propôs às igrejas ortodoxas que se aproveitasse esse ano para fixar a data da Páscoa: assim nenhuma dos ritos teria de renuncia ao seu critério em favor do dos outros.
Infelizmente, tal desiderato não se realizou.
Este ano, os meios de comunicação social, dados os interesses da propaganda sionista, fizeram um ruído especial com o facto de todos, Judeus, Cristãos Católicos e Cristãos Ortodoxos, celebrarem ao mesmo tempo e pacificamente a festa da Páscoa (Pessach, dos Judeus).
Pelo meio foram aparecendo algumas referências, quase sempre extremamente superficais, à diferença entre o ocidente e o oriente.
Foi pena que não se tivesse aproveitado a oportunidade para propor mais uam vez às igrejas interessadas, incluindo os hebreus, a fixação da data da Páscoa, que cada um celebraria segundo o seu rito e a sua fé, mas todos no mesmo dia.
Apesar do serviço que tal medida constituiria, não só para os crentes, mas para toda a comunidade humana, não consta que alguma voz se tenha erguido neste sentido.
E é pena. Porque foi mais uma oportunidade perdida.