RADIO E CULTURA
Ignorância ou má fé?
Quando liguei o motor do carro, rádio ligado à antena dois, transmitia-se uma música que me chamou a atenção tanto pelo prazer estético que me causava, como pelo desejo que senti de saber mais sobre aquela belíssima peça: era, afinal – segundo pude concluir das informações atabalhoadas do apresentador do programa – o “Libera me”, da Missa de Requiem composta por Vitória para as exéquias da irmã de Filipe II, Maria de Áustria.
Depois, aquele culto apresentador continuou as suas notas de ordem histórica. Escrevo procurando ser o mais fiel possível ao que ouvi:
Em 1490 nasceu em Guipuzcoa, província de Castela, Inácio de Loyola, fundador de uma ordem que em breve seria a mior defensora das idéias do catolicismo romano. Enviada para a América, aí torturou e perseguiu os povos daquele império, onde, segundo uma lenda antiga, o sol nunca se punha.
Mudei de posto, porque senti nojo de tais disparates, tarnsmitidos por uma emissora estatal, que pretende realizar um serviço público de qualidade.
Guipuzcoa, província de Castela?!
Qualquer dia, este senhor dirá que o Minho é uma província do Alentejo. No que, diga-se de passagem, não cometeria um erro tão grosseiro, seja qual for a perspectiva que se adopte, como o de meter uma região do País Basco nas planuras de Castela.
Mas o cúmulo da grosseria vem depois.
Deixemos de lado o cliché da Companhia de Jesus como a maior defensora das ideias do catolicismo romano (costuma dizer-se que foi a maior força ao serviço da Contra-Reforma).
O que é espantoso é que se afirme que na América “torturou e perseguiu” um povo, para defender o qual acabou por ter contra si as cortes europeias, que, com o nosso rei Dom José e o seu valido, o Marquês de Pombal, à frente, não descansaram enquanto não conseguiram a sua supressão.
Com tais sábios, onde irão parar figuras como Bartolomeu de las Casas, Anchieta e António Vieira?
E a concluir, aquela do sol...
Nos meus tempos de estudante ouvi dizer várias vezes que Filipe II, depois de ser aclamado rei de Portugal, afirmava, com razão, que nos seus domínios, o sol nunca se punha.
Agora, a nossa rádio cultural, a propósito de supostas vítimas de tortura e perseguição, por parte da Companhia de Jesus, fala-nos de um império onde, “segundo uma lnda antiga, o sol nunca se punha”!
Pasme-se da seriedade deste serviço público!
Quando liguei o motor do carro, rádio ligado à antena dois, transmitia-se uma música que me chamou a atenção tanto pelo prazer estético que me causava, como pelo desejo que senti de saber mais sobre aquela belíssima peça: era, afinal – segundo pude concluir das informações atabalhoadas do apresentador do programa – o “Libera me”, da Missa de Requiem composta por Vitória para as exéquias da irmã de Filipe II, Maria de Áustria.
Depois, aquele culto apresentador continuou as suas notas de ordem histórica. Escrevo procurando ser o mais fiel possível ao que ouvi:
Em 1490 nasceu em Guipuzcoa, província de Castela, Inácio de Loyola, fundador de uma ordem que em breve seria a mior defensora das idéias do catolicismo romano. Enviada para a América, aí torturou e perseguiu os povos daquele império, onde, segundo uma lenda antiga, o sol nunca se punha.
Mudei de posto, porque senti nojo de tais disparates, tarnsmitidos por uma emissora estatal, que pretende realizar um serviço público de qualidade.
Guipuzcoa, província de Castela?!
Qualquer dia, este senhor dirá que o Minho é uma província do Alentejo. No que, diga-se de passagem, não cometeria um erro tão grosseiro, seja qual for a perspectiva que se adopte, como o de meter uma região do País Basco nas planuras de Castela.
Mas o cúmulo da grosseria vem depois.
Deixemos de lado o cliché da Companhia de Jesus como a maior defensora das ideias do catolicismo romano (costuma dizer-se que foi a maior força ao serviço da Contra-Reforma).
O que é espantoso é que se afirme que na América “torturou e perseguiu” um povo, para defender o qual acabou por ter contra si as cortes europeias, que, com o nosso rei Dom José e o seu valido, o Marquês de Pombal, à frente, não descansaram enquanto não conseguiram a sua supressão.
Com tais sábios, onde irão parar figuras como Bartolomeu de las Casas, Anchieta e António Vieira?
E a concluir, aquela do sol...
Nos meus tempos de estudante ouvi dizer várias vezes que Filipe II, depois de ser aclamado rei de Portugal, afirmava, com razão, que nos seus domínios, o sol nunca se punha.
Agora, a nossa rádio cultural, a propósito de supostas vítimas de tortura e perseguição, por parte da Companhia de Jesus, fala-nos de um império onde, “segundo uma lnda antiga, o sol nunca se punha”!
Pasme-se da seriedade deste serviço público!